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NOTAS SOBRE A EPÍSTOLA UNIVERSAL DE SÃO TIAGO Acredita-se que esta epístola tenha sido escrita por Tiago, filho de Alfeu, irmão (ou parente) de nosso Senhor. É chamada de Epístola Universal, porque ela não foi escrita a uma pessoa ou igreja em particular, mas a todos os israelitas convertidos. Nela o apóstolo censura aquele espírito antinomiano, que tinha até então infectado muitos, e corrompido a gloriosa doutrina da justificação pela fé em uma ocasião de licenciosidade. Ele da mesma forma conforta os crentes verdadeiros em seus sofrimentos, e recorda-os dos julgamentos que estavam se aproximando. ELA TEM TRÊS PARTES: I. Dedicatória, Cap. 1.1 II. Exortação, 1. À paciência, sofrendo exteriormente, vencendo interiormente, as tentações, 2-15 2. Considerando a bondade de Deus, 16-18 Ser pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar: E estes três são, 1. Propostos, 19-21 2. Tratados conjuntamente. a. Não ser apenas ouvinte mas praticante, 22-25 Particularmente refreando a língua, 26 Com misericórdia e pureza, 27 Sem acepção de pessoas, Cap. 2.1-13 E sempre unindo fé com obras, 14-26 b. Ser modesto nas palavras, Cap. 3.1-12 c. Reprimir a ira, com todas as outras paixões, 13-Cap. 4.1-17 3. À paciência novamente: a. Confirmada pela vinda do Juiz, na qual se aproxima A calamidade dos perversos, Cap. 5.1-6 O livramento dos justos, 7-12 b. Alimentada pela oração, 13-18 III. Conclusão, 19, 20 I. 1. Servo de Jesus Cristo – Cujo nome o apóstolo menciona apenas mais uma vez em toda a epístola, 2.1; e nem uma vez em todo seu discurso, At 15.14, etc.; ou 21.20-25. Poderia parecer, caso tivesse ele mencionado-o várias vezes, que ele fazia isto por vaidade, por ser o irmão do Senhor; às doze tribos – de Israel; isto é, dos israelitas que crêem; que andam dispersas – Em vários países. Dez das tribos estavam espalhadas desde o reinado de Oséias; e grande parte do resto estava agora dispersa por todo império romano: como foi predito, Dt 28.25, etc., 30.4. Saúde – Isto é, todas as bençãos, temporais e eternas. 2. Meus irmãos, tende grande gozo – Que é o mais alto grau de paciência, e compreende todo o resto; quando cairdes em várias tentações – Isto é, provações. 4. Tenha a paciência a sua obra perfeita – Dêem a ela amplo espaço, em todas as provações que lhes sobrevier; para que sejais perfeitos e completos – Ornados com toda graça cristã; sem faltar em coisa alguma – Que Deus requer em você. 5. Se algum de vós tem falta – A ligação entre o primeiro verso e os versos seguintes, tanto aqui como no quarto capítulo, será facilmente percebida por aquele que lê-los, enquanto estiver sofrendo indevidamente. Ele então prontamente perceberá por que o apóstolo menciona todas aquelas várias inclinações da mente; sabedoria – Para entender, de onde e por que surgem as tentações, e como elas devem ser aperfeiçoadas. A paciência já está em cada homem piedoso. Deixe-o exercê-la, e pedir sabedoria. A soma da sabedoria, na tentação da pobreza e das riquezas, é descrita no nono e décimo versos; que a todos dá liberalmente – Que pedem corretamente; e não lança em rosto – Tampouco por sua maldade passada ou sua presente indignidade. 6. Peça-a, porém, com fé – Uma firme confiança em Deus. São Tiago também começa e termina com a fé, 5.15, da qual os obstáculos ele remove na parte intermediária de sua epístola; o que duvida é semelhante à onda do mar – Sim, assim são todos aqueles que não pediram e não obtiveram sabedoria; levada pelo vento – De fora; e lançada – De dentro, por sua própria inconstância. 8. O homem de coração dobre – Que tem, por assim dizer, duas almas, cujo coração simplesmente não é dedicado a Deus; é inconstante – Estando fora da verdadeira sabedoria, perpetuamente discorda de si mesmo e dos outros, 3.16. 9. Mas o irmão – São Tiago não denomina assim o rico; abatido – Pobre e tentado; glorie-se– O mais eficaz medicamento contra a inconstância; na sua exaltação – Ser um filho de Deus e herdeiro da glória. 10. E o rico em seu abatimento – É humilhado por uma profunda percepção de sua real condição; porque como a flor – Bonita, mas passageira; ele passará – Para a eternidade. 11. Porque sai o sol com ardor, e a erva seca – Há uma beleza e elegância inexprimível, tanto na comparação como na própria maneira de expressá-la, anunciando a certeza e rapidez do evento. Assim se murchará também o rico em seus caminhos – No meio de seus vários prazeres e ocupações. 12. Bem-aventurado o homem que suporta a tentação – Provações de várias espécies;receberá a coroa – Que não desvanece; a qual o Senhor tem prometido aos que o amam – E sua resistência prova seu amor. Pois é somente o amor que tudo suporta. 13. Mas ninguém, sendo tentado – A pecar, diga, de Deus sou tentado – Deus dessa forma não tenta ninguém. 14. Cada um é tentado, quando – No início da tentação, é atraído – Afastado de Deus, seu forte refúgio, pela sua própria concupiscência - Devemos por essa razão procurar a causa de todo pecado, dentro, não fora de nós mesmos. Até as investidas do diabo não podem ferir antes que fazemos delas nossas próprias. E cada um tem desejos que nascem de sua própria constituição, disposições, hábitos, e modo de vida. E engodado – No avanço da tentação, apanhando a isca: assim significa a palavra original. 15. Depois, havendo a concupiscência concebido – Pela união com nossa própria vontade,dá à luz o pecado – Isso não quer dizer que a própria concupiscência não seja pecado. Aquele que gera um homem é ele mesmo um homem; e o pecado, sendo consumado – Desenvolvido, o que ele rapidamente faz, gera a morte – O pecado nasce cheio de morte. 16. Não erreis – É um grave erro atribuir o mal, e não o bem que recebemos, a Deus. 17. Nenhum mal, mas toda boa dádiva – Tudo que tende à santidade, e todo dom perfeito– Tudo que tende à glória, descendo do Pai das luzes – A denominação de Pai é aqui usado com peculiar propriedade. Segue-se que ele nos gerou – Ele é o Pai de toda luz, material ou espiritual, no reino da graça e da glória; em quem não há mudança – Nenhuma variação em seu entendimento, ou sombra de variação – Em sua vontade. Ele infalivelmente discerne todo bem e todo mal; e invariavelmente ama um, e odeia o outro. Há, em ambas as palavras gregas, um metáfora tomada das estrelas, particularmente distintiva onde o Pai das luzes é mencionado. Ambas são aplicáveis a qualquer corpo celestial, que tem uma alternância de dia e noite, e algumas vezes dias mais longos, algumas vezes noites mais longas. Em Deus nada é assim: Ele é pura luz. Se há alguma mudança, é em nós mesmos, não nele. 18. Segundo a sua vontade – Mais amorosa, mais livre, mais pura; exatamente oposta ao nosso desejo mau, v. 15; Ele nos gerou – Aqueles que crêem, pela palavra da verdade – A verdadeira palavra, enfaticamente assim chamada: o Evangelho; para que fôssemos como primícias das suas criaturas – Os cristãos são as principais e as mais excelentes de suas criaturas visíveis, e santificam as restantes. Todavia ele diz, como – Pois Cristo apenas é absolutamente as primícias. 19. Todo homem seja pronto para ouvir – Isto é tratado desde o verso 21 até o fim do próximo capítulo; tardio para falar – Que é tratado no terceiro capítulo; tardio para se irar – Não murmurar a Deus, nem zangar-se com seu próximo. Isto é tratado no terceiro, e por todo quarto e quinto capítulos. 20. A justiça de Deus aqui compreende todos os deveres prescritos por Ele, e que Lhe são agradáveis. 21. Por isso, rejeitando – Como uma roupa suja, toda a imundícia e superfluidade de malícia– Pois por mais razoável ou necessário que possa parece à sabedoria humana, toda malícia é vil, odiosa, desprezível, e realmente desnecessária. Todo propósito justo pode ser eficazmente satisfeito sem qualquer necessidade de se recorrer a ela. Rejeitem todo pecado conhecido, ou tudo que ouviram foi em vão; com mansidão – Constante regularidade e mente serena; recebei – Em seus ouvidos, seu coração, sua vida: a palavra – Do Evangelho; enxertada – Nos crentes, pela regeneração, v. 18 e pelo hábito, Hb 5.14; a qual pode salvar as vossas almas – A esperança da salvação alimenta a mansidão. 23. Que contempla ao espelho o seu rosto natural – Quão precisamente o espelho da Escritura revela a face de sua alma! 24. Se contempla a si mesmo, e vai-se – Para outras ocupações; e se esquece – Mas tal esquecimento não é justificado. 25. Aquele, porém, que atenta bem – Não com um relance passageiro, mas inclinando-se, fixando seus olhos, e examinando, para a lei perfeita – Do amor conforme estabelecido pela fé. São Tiago aqui nos preserva da má compreensão do que São Paulo diz sobre o jugo e escravidão da lei. Aquele que guarda a lei do amor está livre, Jo 8.31, etc. Aquele que não a guarda, não é livre, mas é escravo do pecado, e criminoso diante de Deus, 2.10; e nisso persevera – Não como aquele que a esqueceu, e foi-se. Este tal – Há uma força peculiar na repetição da palavra; será bem-aventurado – Não apenas no ouvir, mas no cumprir a vontade de Deus. 26. Se alguém entre vós cuida ser religioso – Diligente nos ofícios exteriores da religião; e não refreia a sua língua – De caluniar, espalhar boatos, falar mal, se alguém imagina que tem alguma religião verdadeira, somente engana seu próprio coração. 27. A única verdadeira religião à vista de Deus é esta: Visitar – Com conselho, consolo e assistência, os órfãos e as viúvas – Aqueles que mais necessitam, nas suas tribulações – Em seu estado mais desamparado e desesperado; e guardar-se da corrupção do mundo – Dos conceitos, disposições e práticas dele. Mas isto não pode ser feito, até que entreguemos nossos corações a Deus, e amemos nossos próximos como a nós mesmos. II. 1. Meus irmãos – A igualdade dos cristãos, indicada por este nome, é a razão da admoestação; não tenhais a fé de nosso comum Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória – Glória da qual todos que crêem nele participam; em acepção de pessoas – Isto é, não honrem ninguém meramente por ser rico; não desprezem ninguém meramente por ser pobre. 2. Com anel de ouro – Que não era, na época, tão comum quanto agora. 3. Atentardes – Em acepção. 4. Não fizestes distinção – Aos quais é devido o maior respeito, aos pobres ou aos ricos; e não vos fizestes juízes de maus pensamentos – Vocês raciocinam imperfeitamente, e por isto julgam injustamente. Pois um belo traje não prova o valor daquele que usa. 5. Ouvi – Como se ele tivesse dito, Parem, considerem, vocês que julgam dessa forma. A presunção não se encontra, antes, em favor do homem pobre? Não escolheu Deus aos pobres – Isto é, não são esses que Deus escolheu, falando de modo geral, os pobres neste mundo? Que todavia são ricos na fé, e herdeiros do reino – Conseqüentemente, os mais nobres dos homens? E aqueles que Deus tão notavelmente honra, não deveriam vocês da mesma forma honrarem? 6. Não vos oprimem os ricos – Por meio de violência pública; vos arrastam – Sob pretexto de lei. 7. Não blasfemam eles o bom nome – De Deus e de Cristo. O apóstolo fala principalmente dos ricos pagãos: mas os assim chamados cristãos estão um pouco oculto sob eles? 8. Se cumprirdes a lei real – A suprema lei do grande Rei que é o amor; e isso a todo homem, pobre ou rico, fazeis bem. 9. Sois redargüidos – Por essa mesma lei. 10. Qualquer que guardar toda a lei, exceto em um só ponto, tornou-se culpado de todos– Está tão sujeito à condenação como se ele tivesse transgredido todos os pontos. 11. Porque é a mesma autoridade que determina todos os mandamentos. 12. Assim falai, e assim procedei – Em todas as coisas, como devendo ser julgados – Sem acepção de pessoas, pela lei da liberdade – O Evangelho; a lei do amor universal, que unicamente é a liberdade perfeita. Por suas transgressões desta lei, tanto em palavra como em ações, os ímpios serão condenados; e de acordo com suas obras, feitas em obediência a ela, os justos serão recompensados. 13. O juízo será sem misericórdia sobre aquele – Naquele dia, que não fez misericórdia – Aos seus irmãos pobres. Mas a misericórdia de Deus aos crentes, retribuindo aquilo que eles demonstraram, então triunfará do juízo. 14. De 1.22, o apóstolo vem impondo a prática cristã. Ele agora aplica àqueles que negligenciam isto, sob o pretexto de fé. São Paulo ensinou que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. Alguns começaram a deturpar isto para sua própria destruição. Por esse motivo, São Tiago, intencionalmente repetindo (vv. 21, 23, 25) as mesmas frases, testemunhos, e exemplos, que São Paulo tinha usado, (Rm 4.3, Hb 11.17, 31,) refuta, não a doutrina de São Paulo, mas o erro daqueles que abusavam dela. Não há, por essa razão, nenhuma contradição entre os apóstolos: ambos pronunciavam a palavra de Deus, mas de maneiras diferentes, como tratando de diferentes classes de pessoas. Em outra ocasião o próprio Tiago defendeu a causa da fé, At 15.13, 21; e o próprio São Paulo vigorosamente roga pelas obras, particularmente em suas últimas epístolas. Este verso é um sumário do que segue. Que aproveita, é expandido, vv. 15-17; embora alguém diga, vv. 18, 19, a fé pode salvá-lo? v. 20. Não é, embora ele tenha fé; mas, embora ele diz que tem fé. Aqui, por essa razão, se quer dizer a fé viva, verdadeira. Mas em outras partes do argumento o apóstolo fala de uma fé imaginária, morta. Ele, por essa razão, não ensina que a verdadeira fé pode, mas que ela não pode, existir sem obras. Nem ele opõe fé com obras, mas aquela designação vazia de fé, com a verdadeira fé que opera pelo amor: pode essa fé que não tem as obras salvá-lo? Não mais do que pode beneficiar seu próximo. 17. Assim também essa fé que não tem obras é uma mera noção vazia, morta, não é mais útil àquele que a tem do que mandar o nu se vestir é para ele. 18. Mas alguém, que julga melhor, dirá – Para tal pessoa que diz esta futilidade. Mostra-me, se puder, a sua fé sem as tuas obras. 19. Tu crês que há um só Deus – Eu reconheço isto. Mas isto prova somente que tu tens a mesma fé dos demônios. Mais ainda, eles não apenas crêem, mas estremecem – Pela terrível expectação de tormentos eternos. Até aqui é aquela fé que justifica ou salva aqueles que a tem. 20. Queres tu saber – De fato você não quer; você queria ser ignorante dela: Ó homem vão – Vazio de toda bondade, que a fé sem as obras é morta – E assim não é propriamente fé, como uma carcaça morta não é um homem. 21. Abraão não foi justificado pelas obras – São Paulo diz que ele foi justificado pela fé, Rm 4.2, etc. Todavia São Tiago não o contradiz. Pois ele não fala da mesma justificação. São Paulo fala da que Abraão recebeu muitos anos antes de Isaque ter nascido, Gn 15.6; São Tiago, da que ele não recebeu até que ofereceu Isaque sobre o altar. Ele foi justificado, por essa razão, no sentido de São Paulo (isto é, declarado justo,) pela fé, anterior às suas obras. Ele foi justificado no sentido de São Tiago, (isto é, feito justo,) pelas obras, como conseqüência de sua fé. A justificação pelas obras de São Tiago é o resultado da justificação pela fé de São Paulo. 22. Vês que a fé – (Pois pela fé Abraão o ofereceu, Hb 11.17,) cooperou com as suas obras – Por essa razão a fé tem uma energia e operação; as obras, uma outra: e a energia e operação da fé são antes das obras, e junto com elas. As obras não geram fé, mas a fé produz obras, e então é aperfeiçoada por elas. E que pelas obras a fé foi aperfeiçoada - Aqui São Tiago estabelece o sentido em que ele usa a palavra justificado; de modo que nenhuma sombra de contradição permanece entre sua declaração e a de Paulo. Abraão retornou daquele sacrifício aperfeiçoado na fé, e muito mais elevado no favor de Deus. A fé não obteve sua existência das obras, (pois é anterior a elas,) mas sua perfeição. Aquele vigor da fé que gera obras é então estimulado e aumentado por meio delas, como o calor natural do corpo produz movimento, pelo qual ele próprio é então estimulado e aumentado. Veja 1Jo 3.22. 23. E a Escritura – Que foi mais tarde escrita, eminentemente, por meio disto, cumpriu-se, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça – Foi duas vezes cumprida, quando Abraão creu, e quando ele ofereceu Isaque. São Paulo fala da primeira cumprindo; São Tiago, da última. E foi chamado o amigo de Deus – Tanto por sua posteridade, 2Cr 20.7, e pelo próprio Deus, Is 41.8. Tão agradáveis a Deus eram as obras que ele operou em fé. Gn 15.6. 24. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé – São Paulo, por outro lado, declara, o homem é justificado pela fé, e não pelas obras, Rm 3.28. E todavia não há nenhuma contradição entre os apóstolos; porque, 1. Eles não falam da mesma fé; São Paulo fala da fé viva; São Tiago aqui, da fé morta. 2. Eles não falam das mesmas obras: São Paulo fala das obras anteriores à fé, São Tiago, das obras subseqüentes a ela. 25. Depois de Abraão, o pai dos judeus, o apóstolo cita Raabe, uma mulher, e uma pecadora dos gentios; para mostrar que, em toda nação e sexo, a verdadeira fé produz obras, e é aperfeiçoada por elas; isto é, pela graça de Deus operando no crente, enquanto ele mostra sua fé pelas suas obras. III. 1. Muitos de vós não sejam mestres – Que ninguém mais exija de vocês além do que Deus impõe: visto que é muito difícil não transgredir no muito falar; sabendo que nós – Que todos que se lançam neste ofício; receberemos mais duro juízo – Por mais ofensas. São Tiago aqui, como em alguns dos versos seguintes, por uma figura de linguagem comum, inclui a si mesmo. Nós receberemos - tropeçamos - pomos freio - amaldiçoamos – Nenhum dos quais, como o sentido comum demonstra, devem ser interpretados como falando dele ou dos demais apóstolos. 2. O tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo – Isto é, todo o homem. E sem dúvida alguns são capazes de fazer isto, e assim são, neste sentido, perfeitos. 3. Nós – Isto é, os homens. 5. Gloria-se de grandes coisas – Tem grande influência. 6. Como mundo de iniqüidade – Contendo uma imensa quantidade de toda sorte de maldade; contamina – Como o fogo por meio de sua fumaça; todo o corpo – O homem todo; e inflama o curso da natureza – Todas as paixões, todo movimento de sua alma. 7. Toda a natureza – A expressão talvez não deve ser tomada de forma rigorosa. Répteis – Isto é, criaturas que rastejam. 8. Mas nenhum homem pode domar a língua – De outro; não, nem a sua, sem especial ajuda de Deus. 9. Os homens, feitos à semelhança de Deus – Na verdade agora temos perdido esta semelhança. Todavia ainda permanece, desde essa época, uma indelével nobreza, que devemos respeitar em nós mesmos e nos outros. 13. Deixe-o mostrar sua sabedoria e fé pelas suas obras; não por palavras apenas. 14. Se tendes amarga inveja – O verdadeiro zelo cristão é apenas a chama do amor, até mesmo em vossos corações – Embora não tenha passado disso: nem mintais contra a verdade – Como se tal zelo pudesse consistir de sabedoria celestial. 15. Essa sabedoria que é consistente com tal zelo, é terrena – Não é celestial, não vem do Pai das luzes; animal – Não é espiritual; não vem do Espírito de Deus: Diabólica – Não é dom de Cristo, mas tal como Satanás sopra dentro da alma. 17. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura – De tudo que é terreno, natural, diabólico: depois pacífica – A verdadeira pureza a serviço da paz, é calma, inofensiva:Moderada – Branda, terna, dócil, não severa. Tratável – Fácil de ser persuadida, ou convencida, não obstinada ou melancólica; cheia de bons frutos – Tanto no coração como na vida, duas das quais são imediatamente especificadas: sem parcialidade – Amando todos, sem acepção de pessoas: aceitando todas as coisas boas, rejeitando todo mal: e sem hipocrisia – Franco, direto. 18. E o princípio gerador desta justiça é semeado, como boa semente, na paz da mente de um crente, e produz abundante colheita de felicidade, (que é o próprio fruto da justiça,)para os que exercitam a paz – Aquele trabalho para promover esta pura e santa paz entre todos os homens. IV. 1. De onde vêm as guerras e pelejas – Disputas e guerras entre vós, completamente opostos a esta paz? Não vêm disto, a saber, dos vossos deleites – Seus desejos de prazeres mundanos, que guerreiam – Contra suas almas, nos vossos membros – Aqui está o primeiro alicerce da guerra. Disso procede a guerra de homem com homem, rei com rei, naçao com nação. 2. Matais – Em seu coração, pois aquele que odeia seu irmão é homicida. Combateis e guerreais – Isto é, violentamente se esforçam e disputam. Não pedis – E não é de admirar. Pois um homem cheio de desejo mau, de inveja e ódio, não é capaz de orar. 3. Mas se pedis, não recebeis, porque pedis mal – Isto é, partindo de um motivo indevido. 4. Adúlteros e adúlteras – Que romperam sua fé com Deus, seu legítimo esposo; não sabeis vós que a amizade, ou amor do mundo – O desejo da carne, o desejo do olho, e o orgulho da vida, ou cortejar o favor dos homens mundanos, é inimizade contra Deus? – Qualquer que quiser ser amigo do mundo – Qualquer que procura a felicidade ou favor dele, constitui-se, por meio disso, inimigo de Deus – E pode ele esperar obter alguma coisa dele? 5. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura – Sem uma boa razão. São Tiago parece referir-se a muitas, não a qualquer uma escritura em particular. O espírito do amor que habita em todos os crentes, tem ciúmes, Gl 5.17, é diretamente oposto a todas as atitudes desafetuosas que necessariamente procedem da amizade do mundo. 6. Antes, ele dá maior graça – A todos que evitam essas atitudes: portanto ela – A Escritura, diz: Deus resiste aos soberbos – E o orgulho é a maior raiz de todas as inclinações insensíveis. 7. Portanto, humildemente sujeitai-vos, a Deus, resisti ao diabo – O pai do orgulho e da inveja. 8. Cheguem a Deus em oração, e Ele se chegará a vocês, ouvirá vocês: que isso nada pode impedir, alimpai as mãos – Parem de fazer o mal, e purificai os corações – De todo adultério espiritual. Não sejam mais inconstantes, em vão esforçando-se para servir a Deus e a Mamon. 9. Senti as vossas misérias – Por sua anterior infidelidade a Deus. 11. Não faleis mal uns dos outros – Isto é um enorme impedimento da paz. Quem está suficientemente ciente disto! Aquele que fala mal do outro de fato fala mal da lei, que tão vigorosamente proíbe isto. Já não és observador da lei, mas juiz – Dela; você se coloca acima dela, e, por assim dizer, a condena. 12. Há um só legislador que pode – Executar a sentença que ele denuncia. Mas tu, quem és – Um verme pobre, fraco, mortal. 13. Eia agora vós, que dizeis – Tão peremptoriamente como se sua vida estivesse em suas mãos. 15. Em lugar do que devíeis dizer – Isto é, ao passo que vocês devem dizer. 17. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz – Que sabe o que é correto, e não o pratica, comete pecado – Esse conhecimento não impede, mas aumenta, sua condenação. V. 1. Eia, pois, agora vós, ricos – O apóstolo não fala isto tanto por causa dos próprios ricos, como dos pobres filhos de Deus, que estavam então sofrendo sob sua cruel opressão.Chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir – Rápida e inesperadamente. Isto foi escrito não muito tempo antes do cerco de Jerusalém; durante o qual, assim como depois, enormes calamidades vieram sobre a nação judaica, não somente na Judéia, mas através de países distantes. E como estas eram um terrível prelúdio daquela ira que estava para cair sobre eles no mundo porvir, de modo que pode igualmente referir-se à vingança final que então será executada sobre os impenitentes. 2. As riquezas dos antigos consistiam muito de grandes suprimentos de milho, e de trajes valiosos. 3. A sua ferrugem – Seus suprimentos perecíveis e seus trajes roídos pelas traças, dará testemunho contra vós – De ter enterrado aqueles talentos na terra, ao invés de melhorá-los de acordo com a vontade de seu Senhor; e comerá como fogo a vossa carne – Lhes causará tanto tormento como se o fogo estivesse consumindo vossa carne. Entesourastes para os últimos dias – Quando é tarde demais; quando vocês não têm tempo para desfrutá-los. 4. O jornal dos trabalhadores clama – Aqueles pecados principalmente clamam a Deus sobre os quais as leis humanas estão silenciosas. Tais pecados são a luxúria, a lascívia, e vários tipos de injustiça. Os próprios trabalhadores também clamam a Deus, que está quase vindo para vingar a causa deles; dos exércitos – De hostes, ou tropas. 5. Cevastes os vossos corações – Satisfizeram-se ao máximo, como num dia de matança – Que eram dias de festas entre os judeus. 6. Mataste o justo – Muitos homens justos, em particular o Justo, At 3.14. Eles mais tarde mataram Tiago, apelidado o Justo, o escritor desta epístola. Ele não vos resistiu – E por isso vocês estão confiantes. Mas a vinda do Senhor está próxima, v. 8. 7. O lavrador espera o precioso fruto – Que recompensará seu trabalho e paciência; até que receba a chuva temporã – Imediatamente após a semeadura, e serôdia – Antes da colheita. 8. Fortalecei os vossos corações – Em fé e paciência; porque a vinda do Senhor – Para destruir Jerusalém, está próxima – E assim é sua última vinda aos olhos de um crente. 9. Não vos queixeis uns contra os outros – Tenham paciência também uns com os outros.O juiz está à porta – Ouvindo cada palavra, observando cada pensamento. 10. Tomai por exemplo os profetas – Uma vez perseguidos como vocês, até mesmo porfalar em nome do Senhor. Os mesmos homens que gloriavam em ter profetas, não obstante não podiam suportar sua mensagem. Nem sua santidade nem sua elevada incumbência impediram que eles sofressem. 11. Temos por bem-aventurados os que sofreram – Que sofreram pacientemente. Quanto mais outrora sofreram, maior é sua presente felicidade. Viste o fim que o Senhor – O fim que o Senhor o deu. 12. Não jureis – Por mais que estimulado. Os judeus eram notoriamente culpados do juramento comum, embora nem tanto por Deus mesmo como por algumas de suas criaturas. O apóstolo aqui particularmente proíbe estes juramentos, assim como todo juramento na conversação comum. É muito observável, quão solenemente o apóstolo introduz este comando: acima de todas as coisas, não jureis – Como se ele tivesse dito, Por mais que vocês se esqueçam, não se esqueçam disto. Isto abundantemente demonstra a horrível iníqüidade do crime. Mas ele não proíbe prestar um juramento solene diante de um magistrado. Seja sim, sim, e não, não – Não utilize declarações mais solenes no discurso comum. E que sua palavra permaneça firme. O que quer que diga, cuide para confirmá-lo. 14. Ungindo-o com azeite – Este dom singular, distinto, que Cristo confiou aos apóstolos, Mc 6.13, permaneceu na igreja muito tempo depois dos outros dons miraculosos estiverem revogados. De fato, parece ter sido designado para permanecer para sempre, e São Tiago instrui os mais velhos, que eram a maioria, se não os únicos, homens talentosos, a administrar. Este era todo o processo da medicina na igreja cristã, até que ele foi perdido por causa da descrença. Essa recente invenção entre os romanistas, a extrema-unção, praticada, não para cura, mas onde não há esperança de vida, não tem nenhuma semelhança com isto. 15. E a oração da fé salvará o doente – De sua doença, e se algum pecado for a razão de sua doença, ser-lhe-á perdoado. 16. Confessai as vossas culpas – Estando doentes ou com saúde, uns aos outros – Ele não diz aos mais velhos: (isto pode ou não ser feito; pois em nenhuma parte é ordenado.) Podemos confessá-las a qualquer um que possa orar com fé. Ele então saberá como orar por nós, e ser mais estimulado a agir assim, e orai uns pelos outros, para que sareis – De todas as suas doenças espirituais. 17. Elias era homem sujeito às mesmas paixões – Naturamente tão fraco e pecador como nós somos; e, orando – Quando a idolatria cobria a terra. 18. E orou outra vez – Quando a idolatria foi abolida. 19. Como se ele tivesse dito, tenho agora avisado vocês daqueles pecados aos quais vocês estão mais sujeitos: e, em todos estes aspectos, não zelem apenas por vocês, mas cada um pelo seu irmão também. Trabalhem, em particular, para restabelecer aqueles que caíram. Se algum dentre vós se tem desviado da verdade – Praticamente, pelo pecado. 20. Salvará uma alma – De tanto maior valor do que um corpo! v. 14; e cobrirá uma multidão de pecados – Que nunca mais, por mais que sejam muitos, serão lembrados para sua condenação. Fonte : www.arminianismo.com |
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