![]() |
Vivendo juntos com a Graça
Pr. Ronan Boechat de Amorim
1 - Introdução
Vivendo juntos com a graça é o tema proposto pelo Departamento Nacional da Igreja Metodista para ser refletido e celebrado nesse 2010. “Vivendo juntos com a graça” certamente é o mesmo que dizer “convivendo com a Graça” (de Deus) ou “convivendo com Graça”. E serão estas as duas ênfases que daremos a essa reflexão.
Não podemos nos esquecer que Graça é a expressão que usamos para designar o amor de Deus por nós, um amor imerecido, um amor que é sem fim, um amor que está agindo dia e noite para nos salvar da falta de vida, da violência, das relações opressoras e doentes, da infelicidade. Em Jesus vimos Deus como ele realmente é: “quem vê a mim vê Pai” (Jo 14:9) e experimentamos o seu amor sem os limitadores religiosos, dogmáticos e culturais. “Deus é amor” (1Jo 4:8). “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5:5). “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4:19). “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4:8). O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15:12). “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35).Vivendo juntos com a graça é o tema proposto pelo Departamento Nacional da Igreja Metodista para ser refletido e celebrado nesse 2010. “Vivendo juntos com a graça” certamente é o mesmo que dizer “convivendo com a Graça” (de Deus) ou “convivendo com Graça”. E serão estas as duas ênfases que daremos a essa reflexão.
“Viver a Graça de Deus – um compêndio de teologia metodista”, escrito pela dupla Walter Klaiber e Manfred Marquardt, e publicado no Brasil em 1999 pela Editeo e Editora Cedro, é um livro belíssimo, atualíssimo e importantíssimo para quem quer refletir e aprofundar a compreensão e a experiência da Graça divina. É um livro que não pode deixar de ser lido por quem sabe ler e por quem quer compreender a vivência da Graça de Deus.
2 – Criados para viver bem e conviver em paz
“Não é bom que o homem esteja só”, disse Deus lá em Gn 2:18. Embora muito aplicado ao casamento, esse texto pode e deve ter sua aplicação ampliada, utilizando-o para falar da família e até mesmo para caracterizar o ser humano como um ser social. E é justamente isso que vamos fazer nesse texto.
O Deus Criador onipotente e onisciente que criou toda a fauna e flora com o dom e capacidade de se reproduzir e encher a terra, aparentemente “se esqueceu” de criar uma “auxiliadora que fosse idônea ao homem”, ou seja, uma companheira com quem o homem pudesse relacionar-se de igual para igual e conversar com ela. Aparentemente Deus observou naquele momento que todos os animais foram criados “macho e fêmea”, mas “para o homem, todavia não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea” (Gn 2:20). Só então, Deus providencia a criação da mulher, para que o homem também fosse capaz de superar a solidão.
O relato da criação feito pelo capítulo de Gn 1 não detalha a criação do homem e da mulher, apenas diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; “homem e mulher os criou” (Gn 1:27). Aparentemente foram criados concomitantemente, ao mesmo templo, como aconteceu com os demais animais. Por isso tenho certeza que Deus não “se esqueceu” de fazer uma companheira para o homem, mas o texto de Gn 2 que narra a criação da mulher foi inspirado por Deus para de forma bem clara e pedagógica mostrar que:
1 - a solidão não era uma coisa boa;
2 – que a mulher foi criada intencionalmente como bênção e coroa da criação (aquela cereja que falta ao bolo!) e não como alguém que nasceu de um erro ou como conseqüência de algum pecado, como algumas religiões patriarcais afirmavam;
3 – que a mulher nasceu da costela do homem, um órgão de sustentação, e não dos pés (supostamente um órgão inferior) e nem da cabeça (supostamente um órgão superior), para ser companheira, ou seja, alguém com quem o homem pudesse relacionar-se de igual para igual;
4 – que a mulher nasceu de uma parte do homem, sendo portanto “carne da carne e ossos dos ossos” (Gn 2:23), ou seja, homem e mulher são extensão um do outro, de modo que as dores e alegrias de um serão também as dores e alegrias do outro (a palavra sexo, por exemplo, significa parte ou secção e é o resultado do que foi seccionado, repartido);
5 – os filhos e filhas também serão parte do pai e mãe, extensão deles, de modo que também as dores e alegrias dos filhos serão também as dores e as alegrias dos pais, e vice-versa.
Somos partes uns dos outros, membros uns dos outros. Não sobreviveríamos sem a ajuda uns dos outros: a barriga que abriga o feto, as mãos que cuidam do bebê e da criança que não tem como sobreviver... Sem a interdependência experimentaríamos a extinção.
2 – Divididos pelo pecado e solidão em família
Mas além de sinalizar que nós pessoas humanas podemos, devemos e precisamos viver, conviver e cuidar mutuamente uns dos outros, a Bíblia também nos mostra que depois do que se convencionou chamar “pecado original”, nem todo tipo de convivência é saudável, gerador de companheirismo e justo. Há relacionamentos e convivências que oprimem, exploram, trazem dor, infelicidade, solidão. É possível, portanto, experimentar a solidão e abandono em meio a outras pessoas. Jesus experimentou uma solidão imensa no Getsêmane (enquanto seus discípulos não conseguiam permanecer acordados e orar com ele solidariamente) e depois quando foi abandonado na cruz por praticamente todos os amigos e discípulos. Também nas grandes cidades vemos pessoas que não têm para quem voltar ao final de cada dia e nem têm a quem recorrer. Vivem abandonadas, esquecidas e desassistidas.
Se olharmos atentamente o capítulo de Gn 2 veremos como a vida e os relacionamentos pessoais deveriam ser. Já no capitulo de Gn 3, vemos como a vida se tornou depois que o pecado entrou no mundo e na vida humana.
Como eu já havia apontado no texto que escrevi sobre “A ética aplicada à questão ecológica”, podemos ver claramente que o pecado humano descrito em Gn 3 provoca no mundo a quebra da harmonia e da comunhão. Quebra-se a comunhão com Deus Criador, com o próximo, com a natureza e do ser humano com ele mesmo. Gn 3, podemos dizer, é um retrato do mundo onde as relações de harmonia foram quebradas. Usando esta concepção, Carlos Mesters (no livro Paraíso Terrestre: saudade ou esperança, publicado pela editora Vozes), aponta algumas ambivalências ou contradições de nossa vida:
a) Dominação da violência e da vingança (Gn 4:8; Gn 4:24);
b) Dominação da magia e da superstição que gera corrupção generalizada (Gn 6:5);
c) Dominação universal da divisão, confusão e dispersão (Gn 11:9; Gn 11:4);
d) Ambivalência do amor humano, que passa a ser dominador (Gn 3:16);
e) Ambivalência da própria vida (Gn 3:19);
f) Ambivalência da terra que só produz espinhos e carrapichos (Gn 3:17-18);
g) Ambivalência do trabalho que gera cansaço e rende pouco (Gn 3:17-19);
h) Ambivalência dos animais, que passam a ameaçar o homem (Gn 3:15);
i) Ambivalência da religião, que de alegria e esperança passa a ser medo e culpa, coisas
opressivas (Gn 3;10).
Ainda tem o tal “gerar os filhos com dores de parto” (Gn 3:16), certamente uma metáfora para dizer que as mulheres teriam filhos e filhas para a calamidade, seja a de morrerem aos poucos dias de vida, seja a de serem escravizados, seja a de serem obrigados a ir para as guerras... Gerar filhos e filhas (a maternidade) passou a ser doloroso... Taí as tais dores de parto.
Agora olhando o capítulo 2 de Gênesis, poderemos ver, também segundo Carlos Mesters, qual era o projeto de Deus para o ser humano, seja o homem do passado, seja para o de hoje:
a) Relação de marido e mulher sem dominação, relacionamento entre as pessoas de paz e igualdade (Gn 2:18; Gn 3:23; Gn 2:24);
b) A vida não morre, graças ao dom gratuito de Deus. Deus dá vida através da “árvore da vida” colocada a disposição do homem no meio do “jardim” (Gn 2:9; Gn 3:22);
c) A terra é fértil, produtiva e irrigada (Gn 2:9-10);
d) O trabalho não é motivo de opressão, faz parte da vida (Gn 2:15);
e) Animais e homem vivem em harmonia, sem serem ameaças uns aos outros. (Gn 2:20).
f) Deus e o homem são amigos. Convive com ele sem que sua presença gere medo (Gn 3:8-11).
O pecado humano, portanto, não gerou apenas a contradição entre Deus e o ser humano, mas, também entre o ser humano e o meio ambiente, entre o ser humano e outro ser humano, e na pessoa humana com ela mesma. O pecado humano criou a pior coisa do mundo: o ser que não ama.
Basta que olhemos para ao nosso redor e vejamos a violência, as guerras, a corrupção, a solidão, o alto número de suicídios, etc... Vivemos num mundo corrompido pelo poder do mal causando tanta dor, infelicidade, intolerância, falta de solidariedade e gentileza, e desgraças.
O poeta Vinícius de Moraes disse certa vez: “...a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do Homem encarcerado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre”.
3 – O Evangelho de Jesus é o convite pra gente viver em paz, de modo digno do Evangelho de Jesus
Temos hoje a possibilidade real e imediata de viver a nossa vida (e os nossos relacionamentos!) em graça ou em desgraça, em fraternidade ou em inimizade (ainda que seja tão somente a falta de amizade!). Jesus nos garante que só o amor de Deus pode transformar corações de pedra em corações realmente humanos, sensíveis, generosos e misericordiosos. Por isso, para viver em estado de Graça e nos relacionarmos em Graça com as demais pessoas e criaturas de Deus, precisamos nos reconciliar com Deus, a fonte de todo amor, de todo bem, de toda paz, de toda justiça, de toda misericórdia. “Quem está em Cristo é nova criatura, as coisas antigas passaram e tudo se faz novo” (2Co 5:17; Gl 6:15). Disse Jesus: “Importa-vos nascer de novo!” (Jo 3:7), “sem mim nada podeis fazer!” (Jo 15:5).
O Evangelho de Jesus, no entanto, é o convite para a paz, para a reconciliação. “O Evangelho é o convite pra gente viver em paz”, diz o verso da música “Evangelho, convite pra paz” no CD de mesmo nome produzido pelo Departamento Nacional da Igreja Metodista para Trabalho com Crianças.
Certamente não são a música “Evangelho, convite pra paz”, nem o livro que chamamos Bíblia, nem mesmo a Igreja com todas as suas doutrinas, que vão nos reconciliar uns com os outros. Tudo isso pode ser desafiador e instrumentos de Deus, mas só a Graça de Deus pode nos reconciliar uns com os outros, segurando a nossa mão e fazendo-nos voltar ao “primeiro amor”, deixando pra trás a situação de desgraça descrita em Gn 3 e levando-nos de volta ao contexto de Graça de Gn 2.
A Igreja de Jesus, nesse sentido, é o povo peregrino. É o povo que está deixando para trás a situação de Gn 3 e está regressando através de Jesus, o Caminho, a Porta, o Bom Pastor, para o contexto de Gn 2; está caminhando de volta para o Paraíso, para a Plenitude do Reino de Deus, quando Deus será tudo em todos e com suas divinas mãos irá enxugar de nosso rosto toda lágrima, pois a morte, o luto, a solidão, a dor e todo sofrimento terão passado e já não existirão mais. “Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velhos que não cumpram os seus... Não trabalharão debalde (sem receber a recompensa do seu trabalho), nem terão filhos para a calamidade” (Is 65:17-25). “...Converterão as suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Mq 4:3-4). “...Porque toda bota com que anda o guerreiro no tumultuo da batalha e toda veste revolvida em sangue serão queimadas, servirão de pasto ao fogo. Porque um menino nos nasceu... e seu nome será... Príncipe da Paz” (Is 9:4-7).
A Igreja de Jesus, nesse sentido, é o povo formado por aqueles que experimentaram a bênção da salvação (em relação ao pecado, à morte, à desgraça, à falta de reconciliação) para uma vida abundante que vai para além da morte (Jo 10:10; Jo 11:25). É um povo-testemunha dessa grande e boa notícia. Somos a luz do mundo, o sal da terra, o fermento do Reino, o bom perfume de Cristo, a carta aberta... para que o mundo creia. Testemunhamos o que vimos, ouvimos e o que experimentamos em nossas próprias vidas.
“Agora que fomos aceitos (justificados) por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2Co 5:18).
Um retrato e também um modelo do que Deus quer de nós e de como devemos viver e conviver está em At 2:42-47 e em Atos 4:32-35. Ali vemos que aqueles homens e mulheres, adultos e crianças:
- Perseveravam na Palavra de Deus (doutrina dos apóstolos), fonte de fé e luz (discernimento) para o caminho (vida, modo de viver e relacionar-se com o próximo).
- Perseveravam na comunhão (koinonia, diaconia), no amor mútuo, no amor que cuida, no amor tipo o amor do bom samaritano (Lc 10:25-37), nos serviços de acolhimento, solidariedade, suporte e justiça.
- Perseveravam no partir do pão (na celebração da Ceia do Senhor, na liturgia, no culto)
- Perseveravam nas orações (na comunhão, no relacionamento íntimo com Deus)
- Estavam juntos (viviam uma vida fraterna, comunitária, familiar)
- Tinham tudo em comum (cuidavam-se com generosidade, não havia entre eles nenhum necessitado, cf. At 4:34)
- Eram uma comunidade que gerava simpatia e admiração positiva até mesmo às pessoas que não pertenciam ao grupo (a todo povo)
- Tinham um amor que tornava a comunidade também um terreno fértil para os milagres (muitos prodígios e sinais) divinos e para a evangelização (dia a dia acrescentava-lhes o Senhor, os que iam sendo salvos).
- Tinham o senhorio do amor verdadeiro que os impediam de se tornar arrogantes, fundamentalistas, ritualistas, formalistas ou clericalistas. Pelo contrário, conviviam diariamente com temor (confiança e reverência ao Senhor) em cada alma, alegria e singeleza de coração, com unidade de coração e propósitos (era um o coração e a alma) e em todos havia abundante graça.
Uma comunidade reunida pelo amor de Deus, uma comunidade reunida para a experiência e a partilha do amor era, como diz o texto bíblico, uma comunidade onde “em todos havia abundante graça”. Ou seja, era uma comunidade (uma igreja) marcada pelos frutos do Espírito Santo, entre os quais, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22-23). Não qualquer tipo de amor, não aquele amor da “boca pra fora” (1Jo 3:18) e inoperante, mas o amor descrito em 1Co 13: paciente, benigno, humilde, ético, solidário, perdoador, que não se alegra com a injustiça e regozija-se com a verdade. Um amor que dá sentido, autenticidade e autoridade às práticas religiosas, filantrópicas e sacrificiais. Um amor que jamais acaba. “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todosos bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado”.
Quem experimenta esse amor divino e ama o seu próximo com esse amor é um bem-aventurado (feliz), pois “chora com os que choram e se alegram com os que se alegram”, “tem fome e sede de justiça” (Mt 5:6), é misericordioso e é um pacificador (que promove a reconciliação e a paz).
De graça repartiam o que de graça recebiam de Deus e dos demais irmãos e irmãs!
4 - A Igreja de Jesus é a comunidade da Graça que se torna família para o solitário
Não somos salvos do pecado, do mal, da mediocridade, da morte e do poder do inferno pela nossa religiosidade, a prática de ritos, a fidelidade no dízimo e nos dogmas e doutrinas, etc. Embora essas coisas quando feitas com Graça sejam coisas importantes e maravilhosas, somos salvos unicamente pelo nome do Senhor e Salvador Jesus. “Não há outro nome sob os céus pelo qual possamos ser salvos” (At 4:12). Mas como nos alerta Tiago, a fé sem frutos de amor e inoperante é uma fé morta (Tg 2:26). Por isso Jesus nos ensina em Mt 25: 31-46 que a salvação é para aqueles que amam, que amam verdadeiramente, que amam com um amor vivo e que cuida das pessoas. “Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu Deus” (3Jo 1:12). O mal na Bíblia é tão somente a falta do bem, de modo que quem não pratica o bem, automaticamente faz o mal.
Olhando em nossa volta mais uma vez, podemos ver que há muito de amor, justiça, paz e bem por fazermos. Fazer o bem sem olhar a quem. Fazer o bem por amor e para a glória de Deus. Deus não espera que sejamos os salvadores do mundo, porque não somos. Ele não vai nos “cobrar” aqui do Rio de Janeiro por uma intervenção no Iraque, no Afeganistão, no Sudão ou em terras, povos e situações lá tão longe de nosso alcance. Há muitos lugares em que a luz que está aqui diante de nós não pode alcançar. Mas a luz precisa iluminar “toda a casa” onde a luz está. Precisa iluminar ao seu entorno. Dar frutos de paz e justiça... Ser canal da Graça divina.
Podemos orar por quem está longe, fora do nosso alcance. Mas não podemos deixar de fazer o bem aos que estão ao alcance de nossas mãos, de nossa ação... E isso o Senhor há de nos “cobrar”.
Por isso olhe ao seu redor, dentro da sua própria casa, no seu ambiente de trabalho, na sua escola, no seu grupo de amigos, na vila ou condomínio ou rua ou bairro onde você mora, na sua classe de escola dominical, no seu ministério, na sua congregação ou igreja local...
Se você trabalha com crianças, veja o que está ao alcance de suas mãos e de sua ação e intervenção, e aja com amor, promovendo o Evangelho da Graça, seja na acolhida amorosa às pessoas, seja ao que precisar ser feito. O que estiver fora do seu alcance, você pode buscar ajuda e cooperação, você pode orar... Deus é Deus que ouve e responde oração.
Como parte de uma igreja que experimenta viver a graça de Deus, temos de cuidar dos nossos relacionamentos para que sejam marcados pela Graça de Deus.
E precisamos ter especial atenção às crianças, para que elas sejam educadas e animadas a experimentar a fé no autor e consumador da nossa fé e para que sejam ensinadas e gostem de viver a graça de Deus e a conviverem – estarem juntas – sob a Graça de Deus. Se a criança tem seu lugar e direitos respeitados e promovidos em nosso meio, é um bom sinal de vivemos juntos com a Graça.
Que os sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor indiquem isso: somos uma comunidade que celebra a graça de Deus e vive e convive pela Graça de Deus. Somos os que sonham o mundo novo (a plenitude do Reino de Deus), que sonham o sonho de Deus.
A grande obra de nossa vida: um quotidiano cheio da graça de Deus.Não um ou dois ou três momentos isolados de graça.
E é justamente no quotidiano que está o espaço mais importante para a vida cristã: no quotidiano, no dia a dia, nas pequenas coisas, nos relacionamentos, nas inter-relações, no mundo dos afetos, nas decisões pequenas e grandes, nas práticas dos negócios, na esfera do mercado.
E é justamente no quotidiano que está o espaço mais importante para a fraternidade: no quotidiano, no dia a dia, nas pequenas coisas, nos relacionamentos, nas inter-relações, no mundo dos afetos, nas decisões pequenas e grandes, nas práticas dos negócios, na esfera do mercado.
E para finalizar, as palavras de Geir Campos em seu poema “Tarefa”:“Morder o fruto amargo e não cuspir,
Mas avisar aos outros o quanto é amargo.
Cumprir o trato injusto e não falhar,
Mas avisar aos outros quanto é injusto.
Sofrer o esquema falso e não ceder,
Mas avisar aos outros o quanto é falso.
Dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
-Do amargo e injusto e falso por mudar-
Então confiar à gente exausta o plano
De um mundo novo e muito mais humano”
Sejamos pois, os que vivem juntos com a Graça. Grávidos de um novo tempo, da plenitude do Reino de Deus.
Venha o teu Reino... Maranata, Senhor Jesus!
Independentemente da raça, língua, política, País ou crença religiosa, o importante é tentar fazer o melhor da vida que Deus nos deu.
ResponderExcluirQue privilégio ser a tua primeira seguidora.
Beijinho e até que Deus queira
Com estas lições vemos que Cristo nos ensina a viver bem, felizes; e para tanto precisamos de apenas um sentido máximo, o do amor, do amor que leva ao respeito, a tolerância, a compreensão, ao companheirismo.
ResponderExcluirParabéns pela postagem, ela oferece material para profunda reflexão e certamente rende frutos a quem se da à leitura atenta de tão sabias palavras!
Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com